Minha maior expectativa – ou ainda curiosidade – em relação à apresentação de portfólios programada para o dia de hoje dizia respeito às relações que meus parceiros teriam com a pedagogia da arte, ou ainda como seria, em suas práticas, a relação entre arte e educação. Não tinha como ser diferente: eu tinha essa expectativa porque os modos e operações da relação arte/educação são justamente o que me inquieta e instiga enquanto pesquisadora, sendo que olhar para a arte colaborativa e o “ativismo relacional” como pedagogias culturais é justamente o tema de meu projeto de doutorado.
As relações que se mostraram nas apresentações são de natureza bem diversa. Há entre nós alguns professores universitários, e alguns auxiliares de disciplinas universitárias também; há ainda vários professores do que no Brasil chamamos de “ensino básico” (infantil, fundamental e médio); há pessoas que trabalham com a educação não-formal, como em ONGs e escolas livres de arte; e há aqueles que não exercitam propriamente a docência, mas que organizam experiências artísticas de caráter pedagógico, como exposições, práticas de criação coletiva e ações de mediação em museus.
(Uma deriva afetiva: durante muito tempo desejei muito ser mediadora em exposições de arte. Quando era estudante, muitas vezes subscrevi para seleções para essa função, mas nunca fui selecionada. Acredito que isso acontecia porque eu era estudante de teatro, e não de artes visuais, como quase todos os estudantes candidatos. O fato é que me tornei professora universitária sem ter passado por essa experiência. Hoje, quando entro em contato com as ações de educativos – geralmente através de congressos, em que os educadores relatam as experiências – elas me encantam muito e me despertam um sentimento muito bom. Acredito que isso acabou por influenciar diretamente minha produção artística, e que minhas proposições colaborativas tendem a parecer-se cada vez mais com as ações mais experimentais e ousadas que as equipes de mediadores jovens e pesquisadores vêm propondo).
Há aqueles apaixonados natos, que desde a infância desejaram ser professores de arte; há os convertidos, que se tornaram professores pelas contingências e acabaram por apaixonar-se; há os não-apaixonados, mas profundamente envolvidos; há os apenas envolvidos; e há aqueles cujo posicionamento não consigo julgar de imediato.
Acredito que amanhã, durante o debate da manhã, esses posicionamentos já comecem a clarear-se, com cada um posicionando-se pelo discurso. Vou seguir observando essas tendências – quem sabe a partir desse tema não acabo por construir alguma ideia para a tese de doutorado?