Curatoria Forense – Latinoamérica

DA NECESSIDADE E URGÊNCIA. Formar uma rede para a autonomia de seus membros

Jul 23rd 2014

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Gestion Autonoma de Arte Contemporaneo

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Porque somos mais, puxamos ainda mais
Gimme the power. Molotov

No início de 2009 Curatoría Forense alterou radicalmente sua metodologia, convertendo-se progressivamente em uma instituição leve e nômade. Decidimos experimentar um modelo de trabalho que resolvesse simultaneamente problemas contingentes e outros de médio e longo prazo.

Pouco a pouco e com a colaboração de artistas, gestores, docentes, pesquisadores, galeristas e curadores, compreendíamos -em nossa prática e na vinculação com os cenários locais- como se entrelaçam as práticas artísticas com a teoria, a crítica e a história da arte contemporânea e de que maneira os esforços locais constituem um painel, em conjunto com os demais esforços, para a construção de critérios, parâmetros e perspectivas gerais.

Em nosso percurso, colaboramos e discutimos com trabalhadores de arte -artistas e agentes, de onze países da América Latina, muitos deles organizados em coletivos ou grupos de gestão. O que mais nos surpreendeu foi que as distâncias não eram tão grandes como pareciam, haviam mais semelhanças que os vinculassem do que diferenças que os particularizassem.

Para discutir isso, organizamos o Encontro de Gestões Autônomas de Artes Visuais Contemporâneas1 (Córdoba , Argentina, junho / julho de 2011). Para que as experiências vividas, as idéias propostas e os diagnósticos coletados individualmente pudessem ser enfrentados, contrastados e resolvidos em conjunto. Nossa idéia, então, foi facilitar a formação de grupos de trabalho, para articular e resolver os mais freqüentes problemas compartilhados.

Primeiramente fomos buscar a razão pela qual -apesar de muitos deles se conhecerem e já terem viajado até as outras localidades- esse tipo de encontro era excepcional2, sintoma e consequência da falta de divulgação das atividades desenvolvidas, da pouca construção e manutenção de arquivos de documentação e da falta de historicização desses esforços.

Para abordarmos a questão da difusão propusemos a formação de uma rede com o objetivo principal de criar uma plataforma de comunicação alternativa às formas tradicionais de mídia -escrita ou da imprensa especializada- e/ou as não tão novas manifestações digitais –newsletters, banners, etc.-. Convidamos todos então a agarrar o touro pelos chifres e a encarar o modo como estão regulados os sistemas de circulação de conteúdos.

Está comprovado que as linhas editoriais dos meios de comunicação de massas não têm como prioridade a difusão da arte contemporânea, tampouco do que ocorre nos espaços autônomos de arte. Decisão legítima se considerarmos que a maioria dos veículos são empresas privadas que operam de acordo com os seus interesses financeiros, políticos e ideológicos.

A imprensa especializada, por sua vez, atua também de acordo com interesses que excedem e muitas vezes vão contra os interesses daqueles que gestionam a arte contemporânea em âmbito comunitário, por exemplo, nas localidades onde não há demanda por práticas contemporâneas. Esta discriminação atua tanto negativamente -ignorando, evitando ou negando- ou positivamente -tornando exótico.

Sabemos também que sites como o e-flux e todas as variantes que surgiram na América Latina cobram pela difusão das atividades através de seus bancos de dados –mailing-lists-. Este tipo de despesa está fora do orçamento da maioria das iniciativas que conhecemos e em desproporção à relação custo / benefício.

Diante dessa realidade, decidimos nos debruçar em nossa proposta de trabalho colaborativo -já testada durante o Sparring Tour, o da Procrastinação Tour e nas onze residências em formato summer camp3 onde dividimos esforços, riscos e benefícios4.

Acreditamos que as preocupações compartilhadas possam ser resolvidas coletivamente e de forma colaborativa, de maneira horizontal e sem intervenção nos processos e práticas intrínsecas de cada um dos membros. Acreditamos que a arte é uma forma de fazer política. E que as nossas palavras e ações devam sustentar o nosso posicionamento.

A consistência entre o discurso e as ações exige a ativação ideológica dos conceitos, para que eles não se transformem em meros significantes vazios. Isso também implica assinalar a cooptação por poderes -mais ou menos desagregados- que negam ou omitem material e simbolicamente as práticas que não se ajustem aos seus fins.

Redes, colaboração, relacionamentos afetivos e eficazes, gestões autônomas, trabalhadores de arte não são, para nós, palavras para levantar fundos ou subsídios -retórica para efeito de aparência, sem validez. São o marco simbólico e político que organiza nossa ação em campo.

Assim, as Gestões Autônomas de Arte Contemporânea – América Latina (www.gestionautonomadearte.net) são uma plataforma plural e sem fins lucrativos, um espaço virtual que funciona devido à confiança e o compromisso de cada um de seus membros. Toda a produção de conteúdo funciona sem moderação, sempre de acordo com o tempo, a agenda e a vontade dos integrantes. A difusão de cada evento permite a difusão contínua de toda a rede.

As 1815 iniciativas que participam dessa rede exemplificam a grande diversidade de atuações quando se trabalha em arte contemporânea. Apontando através de seus prolongamentos, coordenações e colaborações outras formas de se relacionar como sujeitos políticos, grupos e associações.

E é por isso que reafirmamos em nossos esforços cotidianos a importância da noção de autonomia e, não independência : “(…) que o dissenso seja tão valioso quanto o acordo; para que a decisão de cada um coloque em cheque o que consideramos feito; para que cada obra, cada exposição, cada texto seja uma encruzilhada, um ponto de início ao debate; permitindo o uso de novas ferramentas do pensamento, que deixe claro que o outro não é mais do mesmo, mas sim um desafio que nos engrandece”6.

Jorge Sepúlveda T.
Curador Independiente
Ilze Petroni
Investigadora de Arte

NOTAS:

  • 1 O Encontro de Gestões Autônomas de Artes Visuais Contemporâneas foi realizado no Porão do Pavilhão Argentina da Universidade Nacional de Córdoba (UNC) entre 30 de Junho e 4 de Julho de 2011 sob idéia e coordenação geral de Jorge Sepúlveda T. e Ilze Petroni e colaboração de Aníbal Buede e Alejandro Londero. As instituições organizadoras foram: Curatoría Forense, Casa 13 e Ministério da Cultura da Província de Córdoba (Argentina). Foi patrocinado pelo Ministério da Cultura da Nação, o Sub-Secretaria de Cultura do Departamento da Extensão Universitária (UNC) e da Universidade Blas Pascal (Córdoba, Argentina). Os oradores e coordenadores das oficinas convidados foram: Alejandra Hernandez (Fundação Estudio 13, General Roca) , Aníbal Buede (Casa 13, Córdoba), Bruno Juliano (Espaço La Cripta, Tucumán), Berny Garay Pringles (Espaço La Mandorla, San Juan) Facundo Burgos (Fundação do Interior / Ed Contemporânea, Mendoza), Fernanda Aquere (Germina Campos, Santa Fe), Irina Svoboda (Galería Nómade, Comodoro Rivadavia), Javier El Vázquez (Sitios Tangentes, Tucumán), Lila Siegrist (Anuario, Rosario), Lorraine Green (Donde se juntan las aguas, Bariloche), María Lightowler e Mindy Lahitte (Central de Proyectos, Buenos Aires) e Yamel Najle (Poética Móvil, Puerto Madryn). Equipe de Documentação: Bruno Juliano (Design Gráfico), Judith Le Roux e Ivana Maritano (Fotografia), Silvana Staudinger e Verónica Castro Ferreyra (Vídeo), Noelia Begliardo e Judith Le Roux (Transcrição de mesas de discussão). Colaboração externa de Ana Sol Alderete (SEU-UNC) e Adrián Carrara (Técnico UNC) .
  • 2 O Encontro de Gestões Autônomas de Artes Visuais Contemporâneas tem como antecedentes o Encontro de Projetos de Gestão Independente de Arte Contemporânea em América Latina e Caribe (Fundación Proa, Buenos Aires, Argentina, 2003). TRAMA. O Encontro. Conferência Regional de Intercâmbio em Gestão Artística e Cooperação Cultural Latinoamericana (Buenos Aires, Argentina. 2005) e Artistas, etc. Exposição e Encontro de Artistas Gestores organizado pela Germina Campos (Santa Fe, Argentina. 2007).
  • 3 Até abril de 2014, temos produzido e coordenado quinze edições do nosso Programa de Residências.
  • 4 Primeiramente convidamos para participar da rede as gestões com as quais tínhamos -direta ou indiretamente- colaborado e; depois, fizemos uma chamada aberta para que outras gestões pudessem se somar a nós.
  • 5 A rede conta atualmente com 227 membros.

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